Foto: rawpixel / UnsplashQuando eu era criança, achava um saco o fato dos adultos passarem horas conversando. Qual a graça em gastar um tempão conversando ao invés de realizar qualquer outra atividade que instigue a nossa imaginação, como assistir um filme ou desenhar? Ouvir opiniões estava bem longe da diversão que qualquer brincadeira me traria.Mas o tempo passa e as coisas se transformam. Ou talvez seja a gente que mude um pouquinho. Hoje, conversar é uma oportunidade para encontrar pontos em comum e debater outros pontos não tão semelhantes. Se olharmos com profundidade, a imaginação faz parte do diálogo.A expressão da nossa identidade tem bastante a ver com tudo isso. Entrar em contato com o outro nos faz entender que muitas vezes, alguns sentimentos que tínhamos vergonha de confessar em voz alta não são exclusivos. Mais pessoas têm os mesmos medos que a gente. Mais pessoas compartilham das nossas pequenas felicidades.O problema é quando as diferenças aparecem. Feliz daquele que sabe brincar com todos os tipos de amigos. Existem crianças que gostam de futebol, outras que gostam de boneca e algumas que gostam de rabiscar. Mas quem disse que as três não podem brincar juntas? E quando foi que desaprendemos esta lógica?Uma boa conversa tem muito poder. E ela se torna ainda melhor quando seus participantes deixam o ego de lado para construir um diálogo que provoque amadurecimento em ambas as partes. Conversar é expor suas ideias, mas também é saber exatamente como ouvir as do outro. Questionar é permitido, mas sempre com respeito. Quem gosta de desenhar sempre tem algo a ensinar a quem gosta de jogar bola. E vice-versa.(Texto publicado originalmente na New Order)